A inversão das forças entre os países da América Latina e da Europa será o tema principal da presidente Dilma Rousseff no discurso de hoje na XXII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado. Ao longo das últimas duas décadas de realização do encontro, espanhóis e portugueses comandaram as principais negociações de acordos políticos e comerciais. O poder, entretanto,mudou de eixo com a crise europeia e o crescimento e a estabilização dos latinos ao longo dos últimos cinco anos.
Assim, o Brasil chega a Cádiz, onde o desemprego alcança 37%, como principal mercado de oportunidades para a Espanha e Portugal, mesmo ostentando crescimento minguado de 1,5% neste ano. No discurso de hoje, Dilma deve reforçar o que mudou nessa correlação de forças e apresentar o Brasil como um aliado na ajuda para os dois países enfrentarem a crise iniciada há cinco anos, mas que mostra maiores reflexos sobre a população há 18 meses, cuja revolta se dá por meio de greves gerais e protestos como os ocorridos na última quarta-feira em 23 países da Europa.
O governo brasileiro pretende, assim, fechar com mais facilidade acordos de cooperação comercial e tecnológica, incluindo intercâmbios de estudantes no exterior. Como moeda de troca, o Brasil deve facilitar os vistos de trabalho para profissionais espanhóis — neste caso, por meio de um acordo bilateral celebrado em Madri na próxima segunda-feira, como mostrou o Correio. Ontem, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse “que o Brasil sempre foi um país que acolheu os imigrantes de braços abertos”. (Leonardo Cavalcanti)
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