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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Seis anos após morte de coronel, Carla Cepollina é julgada pelo crime

Júri popular será realizado na Barra Funda e deve durar cinco dias



Para o MP, assassinato foi motivado por ciúmes
Seis anos após o assassinato do coronel reformado da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, um dos personagens centrais do episódio que ficou conhecido como “massacre no Carandiru”, o caso começa a ser julgado. Nesta segunda-feira(5), a advogada Carla Cepollina, ex-namorada de Ubiratan, senta no banco dos réus no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde irá a júri popular. Para o promotor de Justiça João Carlos Calsavara, a advogada é autora do crime, motivado, segundo ele, por ciúme, já que a acusada suspeitaria da traição da vítima.
A expectativa é de que o julgamento dure cinco dias. Carla Cepollina, que já teve como advogado o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, será defendida por Eugenio Carlos Balliano Malavasi. O nome da criminalista Liliana Pranzivalli, mãe da ré, também aparece na lista divulgada pelo Tribunal do Júri.
O promotor João Carlos Calsavara terá como assistentes de acusação Vicente Fernandes Cascione, que representa a família do coronel Ubiratan, e Juliana Maria Peres Tauro. No dia marcado para o julgamento, uma escrevente de sala irá sortear os jurados selecionados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Em geral, 25 são convocados, mas neste caso especificamente, em razão da grande repercussão e para evitar problemas que possam impedir a realização do júri, serão cerca de 50. Tanto o promotor quanto os advogados de defesa podem se recusar, por três vezes, o jurado sorteado. Por fim, sete serão finalmente escolhidos para integrar o júri, instaurado pelo juiz Bruno Ronchetti de Castro.
Durante a audiência, serão ouvidas as testemunhas de acusação e, na sequência, as de defesa. Ao todo são dez, cinco para cada lado. A delegada de Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi, apontada como pivô da briga entre Carla e Ubiratan, está entre as testemunhas de acusação.
As outras são o filho do coronel, Fabrício Rejtman Guimarães; Odete Adoglio de Campos, vizinha da vítima, e os delegados Marco Antonio Olivato e José Vinciprova Sobrinho. Já a defesa convocou a especialista em perícias criminais Roselle Adriane Soglio. As demais são o advogado Francisco Lobo da Costa Ruiz, Desiree Teixeira Freschet, Arduíno Marco G.P. Fiaschitello e Ana Cristina de Jesus Bonfim.
Após ouvidas as testemunhas, chega o momento do interrogatório da ré, último ato processual antes dos debates, que duram uma hora e meia. Se o promotor decidir pela réplica, a defesa tem direito a tréplica. Nesta etapa, cada lado dispõe de uma hora.
O crime
De acordo com o Ministério Público, o disparo que atingiu o coronel foi feito depois de uma discussão. Ele foi morto com um tiro na barriga, no apartamento onde morava, na rua José Maria Lisboa, próximo ao cruzamento com a avenida Nove de Julho, nos Jardins, zona sul de São Paulo. Assessores do militar encontraram o corpo sobre um sofá do imóvel, que fica no 7º andar.
Carla confirma a briga, mas nega o crime.  No dia 11 de setembro de 2006, durante depoimento à polícia, ela relatou que estava no apartamento de Ubiratan na noite do assassinato, e que os dois chegaram a discutir, após ele receber o telefonema de uma mulher. Na versão apresentada pela advogada, a briga terminou e ela deixou o local. Imagens gravadas pela câmera do elevador do prédio onde o coronel morava flagraram Carla guardando um embrulho dentro da bolsa após sair do apartamento. A polícia suspeita de que seja a arma do crime. No dia 27 de setembro de 2006, Carla Cepollina foi indiciada pela morte do ex-namorado. No início de outubro daquele ano, o Instituto de Criminalística afirmou que a bala que matou o coronel foi disparada pela própria arma dele, que nunca foi encontrada.
O Ministério Público de São Paulo denunciou Carla Cepollina à Justiça no dia 8 de novembro de 2006.