Estou fazendo economia: é um segurança-motorista', diz Nilo sobre uso de PMs
por Sandro FreitasFoto: Max Haack/ Ag. Haack/ BN
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia nega que exista qualquer tipo de esquema de desvio de função de policiais e tráfico de influência na Casa.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT)
rebateu as acusações feitas pelo subtenente Evaldo Silva e o sargento
Santos – de que o antigo funcionário do gabinete da
presidência e atual chefe da Assistência Militar, Yuri Ferreira, comanda
uma operação de uso ilegal de PMs na AL-BA – e
politizou a questão. Nilo acusou o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB)
de ser um dos responsáveis pelas denúncias. Segundo o pedetista, o
socialista foi responsável pela indicação de “40 policiais que trabalham
na Assembleia”. “Ele é militar, me pedia pela indicação e eu indicava
para trabalhar”, afirmou. O presidente afirmou que não existe nenhum
policial destacado para a segurança pessoal de Tadeu, mas acusou os dois
autores das denúncias de serem ligados ao deputado. “Esses dois
viajavam muito com ele. Quando eu descobri, devolvi. Vou devolver todos
aqueles que não trabalhavam”, completou o chefe da AL-BA, que argumentou
não aceitar mais indicações de Tadeu. A intenção, conforme Nilo, é
reduzir o número de agentes na segurança da Casa de 63 para cerca de 45.
“Vou devolver até para atender ao deputado Tadeu, já que ele acha que
tem policial demais”, cutucou.
Questionado sobre o uso de policiais militares como motoristas
particulares de deputados e familiares, Nilo defendeu o emprego que faz
dos agentes, ao relatar ao BN que a prática é comum em chefes de
poderes. “O meu motorista é um militar, porque ele quer ser. O motorista
do governador é um militar, do presidente do Tribunal de Justiça, do
Ministério Público Estadual.... É um militar. Eles estão como segurança
e, como têm carteira de motorista, preferem dirigir. Ao invés de eu
contratar um motorista, estou fazendo economia: é um
segurança-motorista. Esse negócio é desde o descobrimento do Brasil”,
conjeturou o presidente da AL-BA. PMs ganham uma gratificação de 20% a
40% para trabalhar na Assembleia, a depender da patente. Outra denúncia
dos policiais exonerados foi o uso – por parte de Nilo – de seguranças
fixos na casa de praia dele, em Guarajuba, no Litoral Norte baiano. O
pedetista confirmou se valer da proteção militar, mas voltou a afirmar
que isso é uma prerrogativa de um chefe de poder e que só utiliza o
serviço quando está no imóvel. “Quando eu vou dormir em Guarajuba, eu
presidente de um poder, levo um segurança comigo, um policial militar da
Casa. Tanto eu como o governador, como o presidente do Tribunal de
Justiça, somos obrigados a ter segurança. Eu vou para Guarajuba dormir
com minha família sem segurança? Eu levo um policial”, admitiu. O
deputado ainda se prontificou a responder qualquer questionamento do
Ministério Público Estadual e disse estar “tranquilo”, ao qualificar a
acusação como “vazia”.
Quarta, 25 de Setembro de 2013 - 00:00
Tadeu acredita em retaliação por denunciar desvio de função de PMs e chama Nilo de ‘mentiroso’
por Sandro FreitasFoto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
As denúncias de um esquema
de desvio de função de policiais, tráfico de influência e improbidade
administrativa dentro do gabinete da Assistência Militar da Assembleia
Legislativa tornaram a Casa um barril de pólvora. Após o presidente da
Casa, Marcelo Nilo (PDT), negar a acusação
e desqualificar os denunciantes, o deputado estadual Capital Tadeu
(PSB) saiu em defesa dos PMs e chamou, reiteradas vezes, o chefe da
AL-BA de “mentiroso”. Na companhia do subtenente Evaldo Silva (um dos
exonerados), o socialista – em entrevista ao Bahia Notícias – negou que
os PMs devolvidos à corporação “dormiam em serviço” ou que atuassem para
ele em viagens. “Nos documentos que foram apresentados consta meu nome?
Em nenhum. É mentira de Marcelo Nilo”, bradou. Sobre a indicação de 40
policiais para atuar na segurança da AL-BA, Tadeu disse que foi um
pedido do próprio presidente, por ele ser um “especialista” no setor.
“Vários deputados sugeriram nomes de pessoas para a segurança”, pontuou
Tadeu, que ressaltou a legalidade no fato de o presidente ter o direito
de usar a segurança dos PMs, até na casa de praia, mas reforçou inúmeras
vezes que o foco da denúncia é o desvio de função, como policiais que
trabalham como “motoristas particulares” de parentes de parlamentares.
“Eles ficam à disposição de deputado e terminam fazendo serviço para a
família”, acusou Tadeu, ao se referir, por exemplo, a esposas e filhos
de colegas, sem cravar quais. “[As exonerações começaram] só depois que
comecei a divulgar, sem citar nomes. Saiu no Bahia Notícias.
Eu disse: ‘olha está acontecendo desvio de funções no Estado, isso é um
absurdo’. O pessoal [policiais] começou a se recusar [a realizar os
serviços] e foi aí que ele [Nilo] começou com essa represália. Por isso
que estou dizendo, Marcelo Nilo é mentiroso”, reafirmou.
Foto: Reprodução / Facebook
O subtenente Evaldo Silva também se defendeu da acusações do
presidente da Assembleia. “Todo mundo que ele [Nilo] está devolvendo
então dorme no serviço (risos irônicos). Eu inclusive fui o policial
padrão do mês passado. Ele está devolvendo o policial padrão do mês de
agosto. Eu sou ruim mesmo (novos risos irônicos)”, respondeu. “Hoje
minha escala de serviço nem é durante a noite para dormir no ponto de
serviço”, declarou Evaldo. Em relação à atuação do chefe da Assistência
Militar, Yuri Ferreira, o qual acusou em representação ao Ministério
Público de chefiar o suposto esquema, Evaldo voltou a garantir que o
oficial atua como empregado de Nilo. “Ele pode não ser contratado, mas
ele é o chefe de gabinete [do presidente da AL-BA]”, resumiu. Tadeu
ainda completou: “Está no Diário Oficial.
Ele foi nomeado chefe de gabinete e, pela lei militar, só pode ficar
dois anos em função civil. Quando completou dois anos, ele foi exonerado
no papel, mas continuou na prática. Ele acumula a chefia da Assistência
Militar com a chefia de gabinete [de Marcelo Nilo]”.
Evaldo Silva - Foto: Reprodução / Facebook
Em outro momento da entrevista ao BN, o deputado do PSB
ressaltou que Evaldo e Santos fazem parte do Observatório da Cidadania,
entidade criada para defender a atuação correta na Polícia Militar e os
direitos humanos da categoria, o que também teria contribuído para a
exoneração de ambos. “Mais de 70% das cidades baianas têm menos
policiais do que os 30 que estão em desvio de função na Assembleia
Legislativa”, finalizou o deputado. Na lista montada por Evaldo,
com nomes de policiais que estariam em desvio de função, consta PMs na
área de saúde, setor financeiro e até como repórter do Canal Assembleia.
Só na segurança de Nilo, o subtenente aponta a existência de 12 PMs,
“fora os que ele tira da guarda”.
Quarta, 25 de Setembro de 2013 - 00:00
'Eleição do PT não pode ser contaminada. Não quero ser candidato da discórdia', diz Pinheiro
por Evilásio JúniorFotos: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
O senador Walter Pinheiro negou, em contato com o Bahia Notícias, ter se aliado ao deputado federal Nelson Pelegrino
na eleição do PT em Salvador de olho na indicação à candidatura de
governador do Estado em 2014. O parlamentar assegura que está mantida a
sua adesão a Everaldo Anunciação, também apoiado pelo chefe da Casa
Civil, Rui Costa – escolhido de Jaques Wagner
–, ao comando estadual da legenda. "Eu não apoiei Everaldo
condicionando absolutamente nada. Na época em que apoiei Everaldo, nem a
minha corrente havia definido o apoio nem tínhamos candidato em
Salvador. Se, coincidentemente, Rui Costa apoia o mesmo candidato, não
tem problema nenhum. Agora, no município, eu vou apoiar o candidato de
Gilmar [Santiago, vereador]", avisou. Ele diz não acreditar que o processo de disputa regional possa interferir
na escolha do nome que concorrerá ao Palácio de Ondina. "Não há esse
alinhamento nem tão pouco a lógica de que a disputa em Salvador pode ser
usada como ataque. Não tem nenhum tipo de ligação. Gilmar tentou até a
última hora fazer acordo com todo mundo. Não deu certo, fechou com
Pelegrino. Não existe vingança. A vingança é um instrumento na política
que as pessoas que usaram, além de perder na política, perderam na
saúde. Não é o PT municipal que vai interferir na escolha do candidato. A
política local determina alianças diferentes daquelas estabelecidas em
nível estadual e nacional. Como diz o próprio governador Wagner, a
ferida local demora muito mais parar sarar; a estadual menos e a
nacional menos ainda", parafraseou. Segundo o petista, ele sequer
participou do processo de alinhamento entre a sua corrente – Democracia
Socialista (DS) – e a de Pelegrino – Esquerda Democrática e Popular
(EPD) – que definiu o lançamento do nome de Edson Valadares como
postulante a chefe da sigla na capital. "Não fiz chapa contra ninguém e
nem fui traído por ninguém. O povo do PT de Salvador, Gilmar e Edson,
foi quem liderou o processo. Óbvio que eu defendi [ a escolha], mas é
uma área que eu nem me envolvo. Nesse aspecto, quem conduz é o vereador.
A minha posição não é fazer chapa contra ninguém e, sim, a favor de
alguém", amenizou.
Para Pinheiro, as rusgas evidenciadas na concorrência entre as
dezenas de corrente do partido podem prejudicar as pretensões
governistas no pleito do ano que vem. "O PED [Processo de Eleição Direta
do PT] não pode ser um elemento contaminado ou contaminador do processo
sucessório. Até porque, não é o presidente do PT quem vai decidir o
candidato. Tem o partido como um todo, tem o governador e os outros
partidos da base aliada. Não é nem na pressão nem na folga. Tem que ser
na coisa ajustada", avaliou. Diferentemente de Pelegrino, que cobra uma definição do nome antes do PED de 10 de novembro,
o senador acredita que deve-se "encontrar um melhor tempo" para que
haja harmonia entre petistas e aliados. "Esgarçar isso pode nos levar a
um desgaste profundo. O melhor é dialogar entre nós todos e com os
outros setores o momento de escolher e quem escolher", ponderou, ao
admitir almejar ser referendado. "Não quero ser candidato da discórdia,
do tapa e do enfrentamento. Quero ajudar na unidade. Se eu servir para a
unidade, ótimo, senão vou tocar a minha vida", argumentou Walter
Pinheiro, cujo mandato no Congresso Nacional vence apenas em dezembro de
2018.