No total, são 35 mil ligações diárias oriundas de cidadãos que tentam comunicar ações criminosas ou pedir socorro. Dessas, 5.000 são informes falsos, que apontam roubos em locais equivocados ou apenas fazem graça dos atendentes que trabalham na tarefa de enviar os carros policiais para conter situações graves. Normalmente, nesses casos, a cilada é notada pelos telefonistas, e não se chega a enviar uma equipe ao endereço.Primeira opção para quem pretende comunicar um crime ou informar uma situação atípica na vizinhança, o serviço de emergência 190 da Polícia Militar (PM) de São Paulo recebe, em média, 5.000 trotes por dia. Desse total, 70% são feitos por crianças ou adolescentes, segundo estimativas da corporação.
Segundo o tenente Cleudato Moisés do Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital, o grosso das “pegadinhas” é notado ao final dos turnos escolares, logo após ao meio-dia ou no começo da noite. “Eles (os alunos) saem querendo gastar energia, usar o telefone. Talvez achem bonito ver uma viatura passar, saber que foram os autores do chamado. Mas um carro que poderia estar indo para um delito real acaba sendo mal utilizado.”
Em um balanço do trabalho, o tenente estima que 40% dos trotes são “piadinhas”, outros 30% são “xingamentos” e 30% são "pedidos de viaturas”. Neste último caso, são trotes em que a pessoa, em retórica convincente, simula que está testemunhando um crime naquele instante.
A PM não tem um cálculo do prejuízo gerado pelas ligações falsas. “Em valor em reais, não temos como saber. Mas a grande prejudicada é a população que, ao necessitar do envio rápido de uma viatura para uma ocorrência de emergência, poderá ver o carro seguir para o atendimento de um trote”, diz o tenente.
Segundo o policial, a pessoa que comete esse tipo de delito pode ser processada por comunicação falsa de crime, contravenção que pode render de um a seis meses de detenção ou multa. Para prevenir o aumento do problema, a PM chega a ligar para a casa das crianças e adolescentes, informando aos pais que o filho costuma gastar tempo com a prática.
Bandidos no 190
Como a reportagem do UOL Notícias apurou com policiais paulistas, é comum o uso do serviço 190 por criminosos. Planejando atacar determinada empresa ou estabelecimento, assaltantes denunciam falsamente ocorrências em outros endereços para desviar as patrulhas que rondam determinada região.
O tenente assume que a prática ocorre, mas afirma ser impossível quantificar esse tipo de golpe. “A gente não tem como provar. Mas não deixa de ser uma utilidade, desviar o foco do policiamento”, diz
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