A coligação liderada pelo tucano José Serra acionará a Justiça Eleitoral para identificar os responsáveis pela organização da passeata que resultou em tumulto e agressões contra o candidato na quarta-feira em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Na ocasião, militantes do PSDB entraram em conflito com cabos eleitorais que seriam ligados ao PT. Com a confusão, foram arremessados objetos em direção a Serra - que interrompeu a caminhada para submeter-se a exames.
“Vamos ao procurador-geral eleitoral para pedir a instauração de inquérito a fim de apurar quem preparou esse evento, que, na verdade, se transformou em uma pancadaria”, disse o advogado da coligação, Ricardo Penteado. O objetivo, diz ele, é “garantir a continuidade da campanha”. “Precisamos que a Justiça Eleitoral se posicione para assegurar a segurança da campanha presidencial na reta final.”
O PT nega que tenha relação com o incidente e culpa os seguranças de Serra por suposta “truculência” contra um grupo denominado “mata-mosquitos”, que reúne ex-funcionários terceirizados da Funasa. Eles não tiveram os contratos renovados durante a gestão de Serra no Ministério da Saúde. Entre os manifestantes, contudo, havia dois candidatos a deputado petistas.
Dilma: "Também fui agredida"
A candidata Dilma Rousseff buscou ontem chamar atenção para o fato de ter sido alvo de um balão de água enquanto fazia campanha em Curitiba anteontem.
Ela foi questionada se seu rival José Serra (PSDB) não estava “exagerando ou apelando” ao explorar na TV o fato de ter sido, por sua vez, alvo de agressão no Rio.
“Você sabe o peso de um balão de água jogado do 12º andar? Que afunda um pouco o teto de um carro? É bastante pesado. Eu fui objeto disso ontem”, afirmou Dilma, acrescentando que recuou “um pouco” para não ser atingida.
Ela disse, porém, que é preciso “muito cuidado em ficar transformando episódios”. “Eu não saí por aí acusando a campanha dele [Serra]”, disse Dilma. Em encontro com prefeitos em Belo Horizonte, Dilma também criticou Serra ao afirmar que não faz promessas “da boca para fora”.
Ela lembrou que, nas eleições de 2004, o tucano registrou em cartório que não deixaria a Prefeitura de São Paulo, mas renunciou em 2006 para disputar o governo.
Candidato volta a tecer críticas
O candidato José Serra voltou a criticar o presidente Lula pela postura diante da confusão ocorrida no Rio de Janeiro, quando foi acertado por objetos jogados por cabos eleitorais de Dilma Rousseff (PT). “A meu ver, o presidente da República dando aval a esse tipo de manifestação acaba estimulando que outras se repitam”, reclamou, durante ato político ontem, no qual recebeu apoio da senadora eleita Ana Amélia Lemos e do PP do Rio Grande do Sul.
O tucano insistiu ter sido vítima de uma agressão cometida “não por militantes comuns”, mas por agentes de segurança. Também afirmou que o PT tem a “concepção de que adversário é inimigo e precisa ser punido com mentira ou violência, se for preciso”.
Também admitiu que ficou decepcionado com as declarações do presidente que teria se comportado “como simples militante partidário” em vez de se portar de acordo com o cargo que ocupa. “A palavra dele tem outro valor”, afirmou, referindo-se ao peso de uma declaração presidencial. “Quando desqualificou fato real que tinha acontecido, ele se comportou como militante, e um militante daqueles que trata a oposição como inimiga e não como adversária.”