Numa eleição marcada por uma reviravolta por semana, o candidato do
PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, termina o primeiro turno
com uma votação surpreendente. A partir desta segunda-feira, o tucano
segue na disputa contra a presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) numa
eleição sem favoritos. Com mais de 90% das urnas apuradas, a petista tem
41% dos votos válidos e o tucano, 34%. Marina Silva tem 21%.
O resultado confirmou o enfraquecimento da candidatura de Marina Silva (PSB), que entrou na campanha como
um furacão, mas sai dela com capital eleitoral similar ao que amealhou
em 2010, quando marcou 19% nas urnas, ou quase 20 milhões de votos.
Ainda assim, o apoio
da ex-senadora no segundo turno deve ser um fator decisivo no desfecho
da disputa. Alvo da máquina de propaganda petista, que trabalhou à
exaustão para desconstruir sua imagem, Marina é cortejada pelo PSDB. Já neste domingo,
tucanos iniciaram conversas com dirigentes de sua campanha. Mas há
obstáculos para que uma aliança se consolide. Marina pode se ver tentada
a repetir a estratégia de 2010, quando se manteve neutra
no segundo turno — e assim preservar seu discurso contra a “velha
política”, tendo em vista a formação de seu partido, a Rede
Sustentabilidade, que já reúne todos os requisitos formais para ser
registrado.
Do lado do PSB, uma ala ligada ao PT, capitaneada pelo
presidente interino da sigla, Roberto Amaral, pode também tentar barrar
um acordo entre as duas candidaturas de oposição. Os tucanos,
entretanto, apostam na memória da boa relação que Aécio tinha com o
ex-governador Eduardo Campos, morto numa tragédia área em agosto. A
viúva de Campos, Renata, deve ser uma interlocutora importante para que haja uma amarração. Há também alinhamento entre tucanos e pessebistas em Estados como São Paulo e Paraná.
Outros fatores podem influenciar na disputa: o apoio dos governadores
eleitos, que disponibilizarão palanques vitoriosos na corrida local; a
reação do mercado financeiro e a artilharia da máquina da propaganda
petista – a repetição do terrorismo eleitoral que deu certo contra
Marina espalhando boatos, por exemplo, sobre o fim do Bolsa Família se o
PT perder a eleição.
O segundo turno ocorrerá no próximo dia 26 – até lá, Dilma e Aécio terão doze programas eleitorais na televisão com duração idêntica de dez minutos cada. (Veja)